Galera bom dia, mais uma obra de Kelly McCartney
Utilizando-se do seu humor sarcástico a poetiza fala sobre o oceano...
Nunca vi o oceano...
O único mar que eu vi,
Foi o mar de terra,
Seca, infértil,
Cujos peixes eram
As ossadas de boi
E as cobras-moréias.
Nunca vi o oceano...
Nem sabia que
Ele também servia
De cemitério,
Dormitório aquático,
Casa de Ulisses,
Stuart e tantos outros.
Quando vi o oceano,
Tão azul, extenso,
Pensei: quanta água!
De onde veio?
Seria mais útil
Ao meu mar de terra,
Que sendo cemitério...
Vi o oceano e nele entrei
O sal tocou a língua
E pensei: quanto sal!
Para quê tanto?
Vou virar carne-seca
E cozinhar aqui,
Junto com o lixo?
Sim, havia lixo...
Uma garrafa quebrada
Mordeu minha perna.
Pensei: quanto lixo!
Por que está aqui?
Além de vala,
Oceano é aterro?
Ah oceano triste...
Abrigo do lixo,
Casa da gente,
Imenso e salgado,
Tão azul e eu aqui,
Bobo, ainda penso:
“Quanta água”...
Kelly Dayane
Kelly, ficou muito bom.
ResponderExcluirKelly, de todos que eu li, foi o que eu mais gostei. A crítica se manteve, mas o tom está mais lírico.Parabéns! Aliás, parabéns meninos pelo blog de poesia!
ResponderExcluirMuito grata!!!
ResponderExcluiralém mar existe um aterro
ResponderExcluirsanitário marinho
ossadas do boi de Tróia
garrafas quebradas
sem mensagem
lixo salgado azul
aquático
além mar existe um aterro
triste casa
Uau!!! Adorei!
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