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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Olhando Para o Oceano

Galera bom dia, mais uma obra de Kelly McCartney 
Utilizando-se do seu humor sarcástico a poetiza fala sobre o oceano...

Nunca vi o oceano...
O único mar que eu vi,
Foi o mar de terra,
Seca, infértil,
Cujos peixes eram
As ossadas de boi
E as cobras-moréias.

Nunca vi o oceano...
Nem sabia que
Ele também servia
De cemitério,
Dormitório aquático,
Casa de Ulisses,
Stuart e tantos outros.

Quando vi o oceano,
Tão azul, extenso,
Pensei: quanta água!
De onde veio?
Seria mais útil
Ao meu mar de terra,
Que sendo cemitério...

Vi o oceano e nele entrei
O sal tocou a língua
E pensei: quanto sal!
Para quê tanto?
Vou virar carne-seca
E cozinhar aqui,
Junto com o lixo?

Sim, havia lixo...
Uma garrafa quebrada
Mordeu minha perna.
Pensei: quanto lixo!
Por que está aqui?
Além de vala,
Oceano é aterro?

Ah oceano triste...
Abrigo do lixo,
Casa da gente,
Imenso e salgado,
Tão azul e eu aqui,
Bobo, ainda penso:
“Quanta água”...

Kelly Dayane

5 comentários:

  1. Kelly, de todos que eu li, foi o que eu mais gostei. A crítica se manteve, mas o tom está mais lírico.Parabéns! Aliás, parabéns meninos pelo blog de poesia!

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  2. além mar existe um aterro
    sanitário marinho
    ossadas do boi de Tróia
    garrafas quebradas
    sem mensagem
    lixo salgado azul
    aquático
    além mar existe um aterro
    triste casa

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