Pesquisar este blog

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Nova Senzala, Novos Escravos

Olá, Pessoal!


Muitas coisas são significativas e não podem passar em branco. O Poema em questão retrata isso. Esperamos que vocês curtam, comentem, compartilhem e transformem.

Nova Senzala, Novos Escravos

Os engenhos urbanos
São grandes indústrias.
E seus donos (senhores)
São coronéis-empresários.

Escravizados são agora,
Negros, brancos, amarelos,
Numa vasta miscelânea
A serviço do poder.

Os grilhões do aluguel,
Roupas e alimentos
Atam esse novo escravo
No tronco empresarial.

Casebres de madeira,
Ou mesmo tijolos nus,
Favelas, grandes senzalas
Guardam o trabalhador.

Entretanto, a abolição
Desse escravo vem por meio
Do esforço de se letrar
Na cultura elitista.


Kelly McCartney



*Texto produzido durante a aula de “Ação Cultural”, ministrada pela profª Tânia Callegaro, que num equívoco, trocou a palavra “senzala” por “favela”.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

As mulheres segundo Cecília Meireles


Lua Adversa

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles


domingo, 10 de abril de 2011

Sobre o Que se Pode Perder

Olá, pessoal.

Vamos postar hoje algo bem especial. Esse é marcante. Esperamos que vocês gostem.

Sobre o Que se Pode Perder

Asa...
Passarinho quebrou,
Nunca mais voou.

Pétala...
Da rosa caiu,
Congelou no frio.

Casa...
Vai-se com a terra,
No lamaçal se enterra.

Eu...
Nunca mais voei,
Congelei e me enterrei...

Kelly McCartney

sábado, 9 de abril de 2011

"Gilda"

E aí galera!!!!!


Segue mais uma obra da poetiza  Kelly Maccartney, estrela maior desse  Blog 


Gilda

Pobre Gilda...
Pobre,
Feia,
Gorda, Gilda...

Seu rosto era um terreno
De arredondadas valas
Onde jaziam brancos
E imensos cravos,
Além de trazer consigo
Uma fachada triste
Enfadonha, deprimente.

Seu ofício era o ócio
Pois seu intelecto,
Deveras limitado,
Impedia-lhe de, sequer,
Ter um emprego,
De sustentar-se,
Ser alguém independente.

Seu corpo era reduto
Da gordura animal,
Da gordura trans e
Daquilo que é daninho.
Entre suas pernas,
Indícios de desuso,
Da falta do falo.

Pobre Gilda...
Pobre,
Feia,
Gorda, Gilda...

Por entre os dentes podres,
O cano da pistola.
De seu crânio vazio,
A bala carregava
As dores e angústias,
Todos os traumas que
Abateram-na ainda viva.

No velório, apenas a mãe.
Sem amigos ou parentes,
Sem amantes nem indigentes.
Ninguém mais para chorar,
Lamentar sobre seu corpo,
Paquidérmico, boçal,
Que há muito padecia.


Gilda chegou, afinal.
Adentrou o inferno
E recebeu as glórias
Que, apenas os covardes
Têm direito após
Negarem a si mesmos
A honra da luta.

Adeus, Gilda
Burra,
Tola,
Fraca, Gilda!


Kelly McCartney

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cultura de massa (quase sem rimas)

Para  Milanesi (1997), a cultura de massa não precisa de uma casa, pois ela já adentra nossas casas cotidianamente através dos meios de comunicação de massa.

Agora, Cultura de massa segundo a poesia de Kilsia


Cultura de Massa (quase sem rimas)
Massa
Pobre massa
Representada ou assistida
Pobre massa
Massa
Oprimida

Não um povo que reclama
E entende
Mas massa
Que não reflete
E ainda se faz contente
Faz ou desfaz?

Massa que escuta
Massa que aceita
Massa que incorpora
Prefere não discutir
Não busca mudança
Se satisfaz com esperança

Massa da injustiça
Povo ilusório
Massa da indiferença
Povo de papel
À massa ninguém deu educação
E o povo ficou limitado a uma Constituição

Consciência? Pra que?
Eles são todos iguais
Só não me diga
Que não tenho cultura
Cultura eu tenho...
Cultura de massa
E uma indústria artística revolucionária
Indústria da arte do lucro
Que ignorou meus sentimentos
E congelou meus pensamentos
Cultura eu tenho...
Cultura de massa

sexta-feira, 1 de abril de 2011

"Insônia" Comentário da Professora Andréia Gonçalves Silva

Pessoal,
a professora
Andréia Gonçalves Dias fez um comentário acerca do texto "Insônia"

Ficou demais.

Nosso super obrigado a professora Andréia



Kelly você realmente é uma poetisa!!! Eu já te disse isto é não é de hoje . Depois deste blog, o próximo passo é  participar de um  concurso de poesia .... “bora" menina, você pode ir longe ...

 Agora vamos falar do poema Insônia .... Quem ainda não teve uma noite de insônia? Temos insônia por motivos variados: dor, tristeza, dinheiro, desilusão, stress. Mas a insônia da sua poesia descreve bem a agonia de um personagem da literatura brasileira, o Naziazeno,  do romance “Os ratos” (Dyonélio Machado). A dívida de Naziazeno não o deixava  vislumbrar os sonhos, pois a realidade (pagar o leiteiro) o esperava e causava muita, muita aflição. No segundo semestre de 2010 os alunos da FABCI leram  este romance para o Trabalho Temático e cada um escreveu um ensaio sobre os temas vividos pelo personagem Naziazeno. Seu poema daria uma ótima epígrafe. Parabéns !!!


Andréia Gonçalves Silva