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sexta-feira, 23 de março de 2012

Instruções Para o Caso de Morte

Para quem estava com saudades, essa é mais uma pérola da nossa querida poetiza KellyMacCartney

Cortem meus braços,
Minhas pernas, cabeça,
E antes que esqueça,
Joguem os pedaços

Num saco de lixo,
Nos fundos da casa,
Numa vala rasa,
Assim como um bicho.

Dinheiro é caixão,
Lápide e flores.
Traslado, senhores,
Não tem condição.

Lá no quintal
É tudo barato.
Baratas e um rato
Formando um coral.

Pagar pra morrer?
Um pouco demais.
Lindos funerais
Para o bolso foder.

Só quero homenagem
Enquanto eu viver.
Depois que eu morrer,
Adeus! Boa viagem!


Kelly McCartney

sábado, 9 de abril de 2011

"Gilda"

E aí galera!!!!!


Segue mais uma obra da poetiza  Kelly Maccartney, estrela maior desse  Blog 


Gilda

Pobre Gilda...
Pobre,
Feia,
Gorda, Gilda...

Seu rosto era um terreno
De arredondadas valas
Onde jaziam brancos
E imensos cravos,
Além de trazer consigo
Uma fachada triste
Enfadonha, deprimente.

Seu ofício era o ócio
Pois seu intelecto,
Deveras limitado,
Impedia-lhe de, sequer,
Ter um emprego,
De sustentar-se,
Ser alguém independente.

Seu corpo era reduto
Da gordura animal,
Da gordura trans e
Daquilo que é daninho.
Entre suas pernas,
Indícios de desuso,
Da falta do falo.

Pobre Gilda...
Pobre,
Feia,
Gorda, Gilda...

Por entre os dentes podres,
O cano da pistola.
De seu crânio vazio,
A bala carregava
As dores e angústias,
Todos os traumas que
Abateram-na ainda viva.

No velório, apenas a mãe.
Sem amigos ou parentes,
Sem amantes nem indigentes.
Ninguém mais para chorar,
Lamentar sobre seu corpo,
Paquidérmico, boçal,
Que há muito padecia.


Gilda chegou, afinal.
Adentrou o inferno
E recebeu as glórias
Que, apenas os covardes
Têm direito após
Negarem a si mesmos
A honra da luta.

Adeus, Gilda
Burra,
Tola,
Fraca, Gilda!


Kelly McCartney

sexta-feira, 1 de abril de 2011

"Insônia" Comentário da Professora Andréia Gonçalves Silva

Pessoal,
a professora
Andréia Gonçalves Dias fez um comentário acerca do texto "Insônia"

Ficou demais.

Nosso super obrigado a professora Andréia



Kelly você realmente é uma poetisa!!! Eu já te disse isto é não é de hoje . Depois deste blog, o próximo passo é  participar de um  concurso de poesia .... “bora" menina, você pode ir longe ...

 Agora vamos falar do poema Insônia .... Quem ainda não teve uma noite de insônia? Temos insônia por motivos variados: dor, tristeza, dinheiro, desilusão, stress. Mas a insônia da sua poesia descreve bem a agonia de um personagem da literatura brasileira, o Naziazeno,  do romance “Os ratos” (Dyonélio Machado). A dívida de Naziazeno não o deixava  vislumbrar os sonhos, pois a realidade (pagar o leiteiro) o esperava e causava muita, muita aflição. No segundo semestre de 2010 os alunos da FABCI leram  este romance para o Trabalho Temático e cada um escreveu um ensaio sobre os temas vividos pelo personagem Naziazeno. Seu poema daria uma ótima epígrafe. Parabéns !!!


Andréia Gonçalves Silva

quinta-feira, 31 de março de 2011

"Insônia"

Hello, Folks!

Estamos aqui novamente para mais uma postagem, desta vez vocês irão sentir um pouco do que é a Insônia nas palavras de Kelly McCartney.

Insônia

Noite...
Os olhos atentos
Qual coruja ao relento
Abertos, avermelhados,
Vislumbram o nada...
Nem mesmo os sonhos,
Que se não morreram
Pela impossibilidade
De serem reais,
Estão em coma,
Esperando a realidade.

A boca seca...
Passos pesados,
Da cama para a cozinha,
Da cozinha para a cama,
Conduzem um corpo,
Aflito e cansado.
Mesmo desperto,
Não consegue pensar...
Não há lógica,
Não há raciocínio,
Só um monte de nada...

Dia...
Os raios de sol
Penetram no vermelho
Daquele olhar cansado...
O sono importuno chega,
Quer visitar os sonhos;
Os que estão em coma
E os que jazem frios
No inconsciente.
É só mais um dia
Pensando em nada.


Kelly McCartney



quarta-feira, 23 de março de 2011

A Granja

Olá, pessoal.


Chegou o grande momento. A Granja, o primeiro poema da Kelly a ser postado aqui no Blog.
 Esperamos que gostem.


Comentem, libertem sua imaginação.


A granja

A penitenciária “Granja Manoel”,
Era habitada por dezenas
De galináceas brancas
Prontas para cumprir suas penas.

Muitas das celas
Em extrema lotação,
Abrigavam mais de dez frangas
Que bebiam água e comiam ração.

Algumas frangas bem nascidas,
Viviam em cela especial
Recebiam visita íntima
E bebiam água mineral

Eram frangas rechonchudas
Da fazenda “Frango Feliz”.
Eram bem alimentadas
Em seus poleiros de tom verniz.

Já nas celas convencionais,
Muitas frangas de quintal
Inclusive - pasmem - um galo,
Estava com elas no local.

Independentemente da origem,
Todas elas morreriam. (até o galo)
Mas, somente após a morte
As penas se cumpririam.

Devido à rebeldia
Das aves danadas
Muitas delas se tornaram
Coxinhas, tortas ou empadas.

Além disso, essas mortes
Que ocorrem todo ano,
Servem apenas para saciar
Os desejos do ser humano.

E como se não bastasse,
Além das aves indefesas,
O homem ainda devora
A si próprio em grandes mesas.

"Kelly McCartney"